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Trecho do livro AS CORES DA LUZ

HARMONIA - as cores da arte

Durante boa parte da história da arte, a harmonia das cores se manifestou sem grandes alterações estéticas, já que a realidade física era a melhor referência que o artista poderia almejar nas suas representações. O pintor inglês Joseph Mallord William Turner (1775-1851) foi além da arte, buscando conceitos científicos para justificar suas pinturas. Ele estudou profundamente as teorias de Goethe, principalmente no se refere à impressão causada pelas cores, mas não aceitou todas as conclusões: em algumas anotações, fez diversas críticas à teoria de Goethe. Depois de uma viagem a Veneza, ficou fascinado pela maneira como a luz se refletia na água dos canais. Tanto que, após essa viagem, o artista decidiu impor uma visão própria da luminosidade, tratando-a como pura cor e tornando-a uma obsessão permanente em seus quadros. Mais do que um pintor do romantismo, ele foi um pintor de fantasias cromáticas. Seus quadros são tão luminosos que parecem estar acesos. 
 
"O Sol, quando se vê através de uma certa neblina, apresenta um disco amarelado. O centro é muitas vezes amarelo-vivo e as bordas quase se tornam vermelhas. Numa situação em que o ar está cheio de fumo... o Sol parece vermelho-rubi, tal como todas as nuvens que o rodeiam, nas últimas circunstâncias, que refletem então esta cor. O Sol vermelho da manhã, ou ao crepúsculo, deve-se à mesma causa. O Sol anuncia-se por uma tonalidade vermelha quando brilha através de uma massa densa de nevoeiro. Quanto mais se ergue, mais brilhante e amarelo se torna." Johann Wolfgang von Goethe

A partir da segunda metade do século XIX, surgiu um movimento artístico na França que abalou a sociedade. O impressionismo começou com um grupo de jovens pintores que rompeu com as regras da pintura da sua época. Eles não se interessavam mais pelos temas nobres ou pelo retrato fiel da realidade. A Academia de Belas-Artes de Paris esperava que todos os artistas produzissem obras baseadas em mitologia, iconografia religiosa ou na Antiguidade clássica. Com a invenção da fotografia, era preciso mudar os rumos da pintura. As imagens que demoravam meses para serem produzidas nos estúdios passaram a ser registradas em minutos pela câmera fotográfica. Os pintores impressionistas transformaram a luz e o movimento nos principais elementos da pintura para traduzir o seu próprio sentimento e visão da realidade. Sua maneira de ver o mundo. Os quadros eram pintados ao ar livre, para que o pintor pudesse reter melhor as variações da luz e das cores. Eles queriam registrar o mundo moderno à sua volta com uma nova abordagem técnica, capaz de capturar o momento fugaz com algum senso de verdade e emoção. As pinceladas rápidas substituíam o refinamento estudado do 'grande estilo'. Os impressionistas buscavam uma pincelada vigorosa, cheia de energia e vibração que refletia o espírito de seu tempo.

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Fernando Dassan


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