Dividido em quatro partes, "As cores da luz" aborda inicialmente a origem e a simbologia da luz, a partir de diferentes pontos de vista – como científico e mitológico, por exemplo –, até a utilização cotidiana das cores, com predomínio da visão artística, já que o autor é profissionalmente ligado às artes visuais.

Pode-se dizer que o livro trata essencialmente da percepção das cores, mais exatamente da essência da luz e das cores. Vê-se desde logo tratar-se de tarefa complexa e longa, a exigir desde o início um aporte de conhecimentos constante, amplo e sólido.

Fernando Dassan saiu-se muito bem na empreitada e produziu um livro surpreendente, pois fala de cores e luzes exclusivamente com textos, sem qualquer imagem ilustrativa. Com uma visão pessoal bastante original e uma abordagem criativa sobre temas áridos, o livro é um passeio pela história do conhecimento a partir da observação atenta da presença das cores no mundo.

Como em um balão que viajasse ao longo dos tempos, vemos as cores a se desprender do Sol e chegarem a nós como verdes, vermelhos, violetas. Do balão imaginário, avista-se Leonardo e Galileu conversando sobre refrações, ao lado de Van Gogh às voltas com os amarelos e Picasso com os azuis. Ou Platão em aulas sobre sombras e cavernas, próximo a Newton e Goethe apontando a natureza das luzes e dos sonhos.

"As cores da luz" é uma viagem agradável e sem turbulências. Aprendemos com o livro, sem que ele seja didático. Aprofundamos nosso conhecimento em várias áreas, sem que o livro seja acadêmico, nem filosófico, nem científico.

A melhor definição talvez seja a de um livro que navega com o olhar da arte pelos tempos, a observar em cada passo as cores e as luzes que incidem sobre o mundo e seus moradores, sobre a vida e os atos de viver.

Em resumo, "As cores da luz" é um livro sobre a vida e a cultura vistas a partir da cor e da luz filtradas pela palavra, sem figuras, sem molduras. É um presente que recebemos de surpresa. Um livro de um artista que se vale da cor e da luz para observar a vida e seus tempos e nos relatar o que viu, com sua visão afetuosa e esperançosa no mundo, em seus habitantes e em sua história.

Antonio Palma
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