Trecho do livro AS CORES DA LUZ
CORES - a percepção das cores
Para Aristóteles, a cor é aquilo que cobre a superfície visível dos objetos e tem o poder de alterar, qualitativamente, o meio transparente. A presença da luz, que é qualidade do meio transparente, seria uma condição necessária para manifestações das cores. Para ele, as cores resultavam da mistura de luz (branco) e de sombra (preto) que eram as cores contrárias e ocupavam os extremos do espectro constituído de sete cores: branco (luz), preto (sombra), vermelho, verde, azul, violeta e amarelo. Todas as outras cores existentes eram fruto da combinação dessas sete cores originais. Apesar de muitas deficiências, a teoria aristotélica foi a mais comum entre os pensadores europeus até meados do século XVII.
Somente em 1435, quando foi publicado o tratado "Da pintura", do arquiteto e humanista italiano Leon Battista Alberti (1404-1472) é que houve um avanço significativo no universo teórico sobre as cores. O texto continha uma análise de todas as teorias e técnicas de pintura conhecidas até o momento, superando obras medievais, tais como "O livro de arte", elaborado em 1390, pelo pintor italiano Cennino Cennini (1370-1440). A obra também inclui a primeira descrição da perspectiva linear geométrica, inventada em 1416 pelo artista italiano Filippo Brunelleschi (1377-1446). Para Alberti: "Há somente quatro cores, como existem apenas quatro elementos: vermelho (fogo); azul (ar); verde (água); cinza (terra). As demais cores são misturas dessas".
Leonardo da Vinci acreditava que as cores eram propriedade da luz e não dos objetos. Em seu "Tratado da pintura e da paisagem: sombra e luz", ele escreveu: "O branco é o resultado de outras cores, a potência receptiva de toda cor (…) A soma das sombras é proporcional à soma das luzes, e quanto mais forte é a obscuridade que se vê, mais esplendor tem a luz. (…) Podemos colocar o branco como representante da luz sem o qual nenhuma cor pode ser vista, amarelo para a terra, verde para água, azul para o ar, vermelho para o fogo e preto para a escuridão." Da Vinci afirmava que todas as cores poderiam se formar a partir do vermelho, verde, azul e amarelo. Afirmava ainda que o branco e o preto não são cores, mas extremos da luz. Ele foi o primeiro a observar que a sombra pode ser colorida. Mas, de todas as descobertas de Leonardo, nenhuma teve tanta importância para as artes visuais quanto a da simultaneidade dos contrastes de cor. Da Vinci mostrou que uma cor ao lado de outra mais escura tende a parecer mais clara do que realmente é, enquanto a outra se torna ainda mais escura pela aproximação da mais clara.
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