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Trecho do livro AS CORES DA LUZ

VISÃO - a leitura da beleza

No século XIX, Nietzsche afirmou que a ciência é incapaz de dar beleza e sentido à existência, somente a arte trata a aparência como aparência e não como um mundo verdadeiro. A estética transcende as fronteiras racionais e cria formas de sensibilidade e experiências de subjetividade. A integração entre ética e estética, afirma que o ser deve equilibrar-se entre o mundo racional e o mundo sensorial. A beleza se encontra em ambos os mundos. As forças da imaginação, da sensibilidade e das emoções teriam maior efetividade para o agir do que a formulação de princípios abstratos e teóricos. Sentir a vida é muito mais verdadeiro do que conceituá-la. A vontade da beleza é a vontade de poder.

Em 1878, Nietzsche publicou "Humano, demasiado humano – um livro para espíritos livres", onde afirma: "O tipo de beleza mais nobre é aquele que não arrebata de repente, e que não faz ataques impetuosos e inebriantes (este provoca com facilidade o tédio), mas que se insinua lentamente, que se carrega consigo quase sem saber e que um dia, em sonho, se redescobre, mas que, por fim, após ter ficado modestamente em nosso coração, toma posse completa de nós, enche nossos olhos de lágrimas, nosso coração de desejo."

Para Tolstoi, a boa arte deve comunicar às pessoas sentimentos do bem, em vez de mostrar o que é belo, pois ambos são contraditórios e não podem conviver em harmonia; o bem é eterno e a beleza é temporária. Ele queria purificar a arte de todos os sentimentos não bons, todos os mistérios falsos e escravizantes, tudo que é ambíguo, irracional, contraditório. No livro "O que é arte?", Tolstoi indaga: "O que pode tirar de todas essas definições de beleza oferecidas pela ciência da estética? Se pusermos de lado definições totalmente imprecisas, que não cobrem a ideia de arte e supõem que a beleza consiste ora em utilidade, ora em conveniência, ora em simetria, ou em ordem, proporcionalidade, elegância, ou em harmonia das partes, ou em unidade dentro da diversidade, ou em várias combinações desses princípios todos, as definições estéticas da beleza se resumem a duas visões fundamentais: uma, de que a beleza é algo que existe em si mesma, uma manifestação do absolutamente perfeito – ideia, espírito, vontade, Deus. Outra, de que a beleza é um certo prazer que experimentamos, que não tem o benefício pessoal como seu objetivo".

Página 98

Fernando Dassan


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