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Trecho do livro AS CORES DA LUZ

VISÃO - a leitura da beleza

Etimologicamente, a palavra 'belo' vem do grego e está associada a "estar em sua hora/seu momento". Assim, um fruto maduro (em seu tempo) era considerado bonito. O termo estética é derivado do grego aisthesis (sensação, sensível) e significa a percepção da beleza pelos sentidos. A estética pode gerar formas de sensibilidade e uma profunda inserção na totalidade da vida. O belo em Platão serviria para conduzir o homem à perfeição. Aristóteles, ao contrário de seu mestre, concebeu o belo a partir da realidade sensível, deixando este de ser algo abstrato para se tornar concreto, e deu o primeiro passo para a ruptura do belo associado à ideia de perfeição.

Segundo Aristóteles, o conceito de ordem é o primeiro que pode qualificar uma obra como bela. A ordem é a disposição metódica dos elementos visuais segundo certas relações preestabelecidas. A palavra significa arrumação das coisas no seu devido lugar e estabelece a harmonia visual com o equilíbrio desejável. Os elementos de ordem, simetria, proporção e graça constituem o padrão de beleza na visão aristotélica. A escultura 'Vênus de Milo' é uma figura amplamente divulgada na cultura de massa e, apesar de não ter os braços, permanece como um ícone da beleza universal. Lembrando que Vênus corresponde a Afrodite na mitologia romana.

Em Florença, na 'Galleria degli Uffizi', está a pintura 'O Nascimento de Vênus' de Botticelli. No quadro, a deusa emerge das águas em uma concha, sendo empurrada para a margem por Zéfiro, o Vento Oeste, símbolo das paixões espirituais. A partir do século XVI, os pintores de Veneza e Flandres representam um corpo feminino mais real, dando-lhe plasticidade e volume para ser desejado.

O sentimento da beleza, quer de uma obra artística, quer da natureza, é o que o filósofo Kant chama de juízo estético ou juízo de gosto. Ele exprime o que acontece quando temos uma experiência estética e traduz um sentimento que vivemos ao contemplar um objeto. Dizer "esta rosa é bela" é traduzir num juízo um sentimento de prazer que acompanha essa contemplação. Os sentimentos de prazer e desprazer em Kant pertencem ao sujeito, são estes sentimentos subjetivos, não lógicos que emitem o conceito do belo, são eles que formam o juízo do gosto. Não podemos ter a certeza que o cheiro de uma flor desperte em todos os indivíduos a mesma sensação.

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Fernando Dassan


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